segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sobre a origem do racismo, da homofobia e outros males


O blog História e Sala de Aula manteve sempre o objetivo de manter a religião fora de qualquer cogitação, mas, em virtude de fatos que ocorreram em escolas religiosas no Brasil, em virtude do novo cenário psico-social, uma nova maneira de pensar se perpetuou na pós-modernidade, principalmente a partir da virada do século XX para XXI. Os incontáveis conflitos que ocorreram desde sempre, simplesmente por que indivíduos ou grupos têm formas de pensar diferentes.
As guerras entre Israel e Líbano, a perseguição aos judeus na Alemanha Nazista, as inúmeras execuções na Idade Moderna na Europa simplesmente porque não se aceitava uma fé diferente da Católica, assim como o conflito armado mais antigo da história da humanidade, a guerra de Darfur na África Oriental são exemplos disso.
“Em nome de Deus” seja ele Alá ou Yavé milhões morreram e outros milhões ainda morrerão enquanto tais ideologias imperarem. A religiosidade foi, desde sempre, a raiz de todos os preconceitos, preconceitos religiosos, ligados à cor da pele, à opção sexual, à forma de culto foram criados com base em interpretações parciais das escrituras religiosas, traduções e reedições distorcidas, direcionadas a interesses de grupos dominantes. Sendo assim, permite-se afirmar que uma sociedade cada vez mais tolerante, culturalmente mais diversificada só será possível quando o elemento religioso for cada vez menos presente.
Em dias em que a Inquisição tem um poder mínimo e o direito à vida é defendido internacionalmente, não se mata explicitamente por ter uma cor de pele diferente, ou por ter uma forma de ver o mundo diferente, não se mata por ter uma opção religiosa diferente ou por ter uma opção de gênero diferente da que foi biologicamente predeterminada. Mas a sociedade fundamentada nos padrões cristãos europeus, pauta-se na separação, enquanto as partes que eles usam na Bíblia para justificar essa separação, enquanto a teoria bíblica leva a agregação, a assimilação das diferentes culturas.
Por mais que os cristãos pratiquem suas doutrinas em nome de um Deus que não faz acepção de pessoas gêneros ou cor de pele, os próprios cristãos criam preconceitos entre eles mesmos. Católicos e protestantes, protestantes e adventistas e assim por diante. Demonizam qualquer prática religiosa, por mais que seja cristã, simplesmente por ser uma prática diferente da sua, simplesmente porque atrai seguidores que eventualmente estariam sua doutrina, aí é que se encontra a raiz do preconceito, quanto menos fiéis, menos entrada de caixa, ou melhor, menos ofertas, menos dinheiro, menores cotas para os ministros e administradores das corporações,  ou melhor, das igrejas.
O que se percebe as Igrejas (denominações religiosas) nada mais são que organizações econômicas, indústrias da alienação, que fazem o uso de uma lavagem cerebral com tamanha sofisticação que quem a sofre, diz submeter-se a tal manipulação de maneira voluntária.  Constroem escolas que não passam de campos de concentração, onde milhares de mentes são manipuladas todos os dias, escolas como as que aparecem em Anotherbrick in the wall, onde a diversidade e a liberdade são cerceadas e o racismo, a homofobia e o preconceito religioso são ensinados todos os dias em cada aula, cada momento de culto.
Essa indústria de manipulação de mentes e de alienação precisa ser freada, pois do contrário regressaremos à mentalidade medieval, e matar-se-á por motivos religiosos, por haver uma diferença na cor do chapéu ou da camisa, ou porque uma mulher usa calças ou deseja trabalhar fora de casa. O outro será demonizado simplesmente por ser o outro, e não por ser o semelhante, em pleno século XXI a inquisição ainda impera, e preconceitos medievais estão nas mentalidades das pessoas. Tão logo a humanidade se encontrará no cenário pós apocalíptico retratado em O livro de Eli, em que a religião destrói o mundo e deter a Bíblia em sua estante significa controlar a humanidade, o que já é verdade em nossos dias, já que a maioria dos valores que nos são ensinados estão pautados em preceitos religiosos.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Por que mais famílias negras dos EUA optam por educar seus filhos em casa?


Brian Wheeler
Da BBC News em Washington

té recentemente, a prática de home schooling (educação domiciliar) nos Estados Unidos era mais comum entre famílias brancas, mas um crescente número de negros tem, atualmente, retirado seus filhos das escolas públicas e optado por educá-los em casa. Mas por quê?
"Há muitas brigas e pessoas levando tiros (nas escolas)", explica Sonya Barbee, uma das que recorreram ao ensino doméstico. "Era demais, não era um bom ambiente para uma criança. Apesar de eu trabalhar período integral e ser difícil para mim, ainda acho que foi a decisão correta."
Sonya não está levando uma vida fácil. Mãe solteira e funcionária do governo dos EUA, ela agora tem a tarefa adicional de ser professora de seu filho de 11 anos, Copeland.
Mas nem a violência, nem o fato de seu filho sofrer bullying, foram a gota d'água. Sonya tomou a decisão de tirar Copeland de uma escola pública em "uma área ruim de Washington" porque o menino estava "perdendo seu amor pelo aprendizado".
Agora, com a ajuda da mãe de Sonya, que cuida de Copeland duas vezes por semana enquanto ele estuda na internet, ela espera "reacender a chama" da curiosidade do filho. Ensina-o depois de sua jornada de trabalho e em feriados.
Seu único lamento até agora é pelo fato de Copeland não estar muito animado, por sentir falta da "loucura" da sala de aula. Mas ela ressalta que o processo de educação domiciliar do filho ainda é recente.
Cerca de 2 milhões de crianças americanas (4% do total) são educadas em casa, segundo a associação norte-americana NHERI, que estuda esse setor. O número, porém, é uma estimativa, já que em muitos Estados as famílias não precisam registrar oficialmente que praticam o ensino doméstico.

Motivações

A prática, antes mais comum entre famílias cristãs brancas no sul rural do país - que criticavam o "liberalismo" de escolas públicas quanto a educação sexual e darwinismo -, tem ganho adeptos entre pais urbanos, com motivações mais educacionais do que religiosas.
O número geral de home schoolers tem crescido já há algum tempo, mas até há pouco era incomum entre famílias negras, segundo o diretor do NHERI, Brian Ray.
"Para a comunidade afro-americana, havia uma grande pressão contra (o ensino doméstico), porque, nos EUA, os avós das crianças hoje educadas em casa lutaram contra a segregação nas escolas. Eles pensavam que as escolas públicas iriam salvá-los (da discriminação social)", diz Ray.
Mas, segundo ele, essa atitude tem mudado rapidamente.
Joyce Burges, cofundadora da associação Educadores Domiciliares Negros, que educou em casa seus cinco filhos, afirma que "os fracassos do ensino público fizeram com que todos nós, brancos ou negros, buscássemos ideias criativas sobre a educação de nossos filhos".
"Isso explica o aumento no número de escolas cooperativas e de afro-americanos vendo que (as alternativas ao ensino público) não são mais uma coisa de brancos."

Desempenho

Apesar do fim da segregação nas escolas, há um abismo no desempenho escolar de brancos e negros que pouco mudou desde os anos 1960. O problema é especialmente sério entre meninos negros.
Segundo um estudo de 2008 da Fundação Schott, "nos últimos 25 anos, os desempenhos sociais, educacionais e econômicos de homens negros têm sido mais devastadores do que os de qualquer outro grupo racial ou étnico".
Monica Utsey, que coordena uma cooperativa de ensino domiciliar para crianças negras em Washington, diz que, "para mães afro-americanas, especialmente as mães de meninos, têm muitos problemas com o sistema de ensino. As salas de aula são melhores equipadas para meninas".
Pessoalmente, porém, sua principal motivação para educar seus filhos em casa era cultural: ela queria que as crianças aprendessem mais sobre suas raízes africanas e não achassem "que sua história começa com a escravidão".
Os home schoolers são duros críticos do sistema educacional, argumentando que os professores não oferecem uma educação ampla e atribuem qualquer problema de comportamento infantil a síndromes de deficit de atenção e hiperatividade.
"Os professores estão sempre dizendo aos pais que eles precisam medicar seus filhos, como se estes tivessem um problema médico. É uma loucura", diz Sonya Barbee. "Ninguém quer que seu filho vire um zumbi."
As cooperativas de ensino doméstico, em que as aulas são feitas pelos pais para grupos de idades mistas, se espalharam por cidades americanas nos últimos anos, ajudando a quebrar o estigma de isolamento das crianças educadas em casa - algo que era um constante alvo de críticas.

Não é para todos

Mas mesmo os defensores mais entusiasmados do modelo admitem que ele não é adequado para todas as famílias - costuma funcionar só para os pais mais comprometidos com todos os aspectos educacionais e que realmente desfrutam do tempo passado ensinando seus filhos.
Nem todos os pais conseguem se manter em dia com as exigências curriculares de ensino, principalmente se querem preparar seus filhos para a universidade. E muitas crianças educadas em casa acabam voltando à escola para cursar o ensino secundário.
Além disso, a prática não contribui com a melhoria do ensino público, o que, segundo especialistas, enfraquece a educação e os laços de toda a comunidade.
Joyve Burges acredita que pode estar perto o dia em que a cooperativa de ensino doméstico local, conduzida por um grupo de pais comprometidos, viraria uma alternativa real à escola pública, para crianças de todas as idades e etnias.
Aparentemente, a demanda para tal existe.
"Toda hora recebo e-mails e telefonemas de pessoas querendo saber se há alguém disponível para educar seu filho em casa", diz Monica Utsey. "Digo a eles que não funciona assim. A responsabilidade é dos pais."